Esse texto está no rascunho há um bom tempo esperando ser finalizado, e achei que seria a hora perfeita de publica-lo, afinal, menos de uma semana depois de mudar de layout, cá estou eu com tudo reformulado mais uma vez. Antes de qualquer julgamento, preciso dizer que sim, estava pensando em mudar algumas coisas porque apesar de ter curtido as cores e todos os detalhes, estava me incomodando a sensação de uma certo excesso e sentia uma certa sobrecarga na hora de escrever. Porém eu não planejava mudar nada tão cedo, até que quando fui mexer no código para terminar a parte responsiva, deletei metade da folha de estilo sem querer e ficou tudo zicado. E claro, como casa de ferreiro tem sempre espeto de pau, eu não fiz backup do último tema, logo perdi os códigos tudo.
Eu tenho o layout e todas as imagens salvas, poderia programar tudo novamente em algumas horas, porém juntando o útil a necessidade, decidi logo recomeçar o layout limpando tudo que eu achei que estava me incomodando. E sabem, no final não restou quase nada do anterior. Simplesmente fui entendendo que não dá. Não consigo ter fundos coloridos, não consigo colocar cores, nem mesmo consigo colocar mais certos elementos desenhados. Cabeçalho então? para mim é uma coisa impensável. Gosto assim, tudo aberto, nada chamativo, dando espaço ao que eu mais aprecio nos blogs, as fotografias e o texto. Sei que para a maioria vai parecer um t.o.c. louco, mas fazer o que, é a vida. Se não for assim, não sinto que sou eu sabe?
E é por isso que eu queria hoje conversar sobre minimalismo com vocês, essa coisa maluca que tomou minha vida de uma forma, que eu jamais serei a mesma. E aproveitar também que esse assunto está sendo bastante discutido na internet para dar pitaco e a minha visão sobre esse conceito diante das discussões que tem rolado.
Eu conheci o minimalismo há um certo tempo devido ao blog da Camile. Mas foi quando comecei a estudar sobre organização que ele se tornou algo concreto na minha vida, fazendo parte mesmo, moldando meus pensamentos e ações. Comigo não foi nada radical e sim, muito processual. Eu sempre fui o caos ambulante (para quem duvida, fica as fotos do meu quarto adolescente). Era do tipo acumuladora, que somado ao fato de ser canceriana guardava até os papéis de chiclete que ganhava de algum amigo especial. Para vocês entenderem a gravidade, eu tinha uma caixa de memórias que tinha até um pedaço da lousa da sala onde estudei na 7ª série (!). Eu guardava tudo, revistas gratuitas que pegava na rua, cosméticos acumulados e vencidos (achava bonito tudo exposto), embalagem de comida e todo tipo de tranqueira que eu achasse legal. Além disso, eu sempre fui extremamente consumista. Comprava tanta roupa, que tinha um armário enorme de 6 portas + 2 cômodas só para guardar meus pertences. De sapatos, eram mais de 100 pares, sendo que não usava nem 20 deles. Eu trabalhei desde os 16 anos para conseguir comprar minhas coisas, o que basicamente se resumia a roupas e coisas de beleza. E nesse tempo contraí uma dívida interminável com o pior banco do mundo (alô santander!) que me arrancou quase metade do meu salário por quase 2 anos.
A situação era tão caótica, que por alguns meses eu cogitei virar hippie, fugir de casa, largar tudo e ir viver no meio do mato. Logicamente que eu percebi que isso seria impossível, pois sou uma pessoa bastante urbana (apesar de amar a vida simples) e não sei se conseguiria me afastar de tudo de forma tão brusca. Foi nesse período que comecei a estudar sobre organização, e o minimalismo meio que veio a reboque. Nunca pensei muito sobre ele, apenas fui exercitando a capacidade de diferenciar o essencial do não essencial e por consequência entrei em um processo de redução de quase tudo que me cercava.
Comecei com as minhas roupas, que por ser unicamente pessoal, é um dos caminhos mais fáceis de começar. No primeiro momento a gente sempre pensa em fazer algo radical, mas eu honestamente não concordo com esses métodos. Eu olho para trás e vejo que se eu tivesse doado metade do que eu tinha de uma única vez, muito provavelmente eu teria comprado tudo de novo logo em seguida, além de que provavelmente, teria ficado deprimida. Por isso, eu optei pelo caminho do meio e fui desapegando aos pouquinhos em pequenas doações sazonais a cada estação que ia passando (contei melhor nesse post aqui). Demorou um bocado para engrenar, pois nas primeiras vezes fiquei super insegura e não desapeguei de quase nada, mas quando eu fui vendo e sentindo os benefícios da não acumulação, cada vez mais me animava no processo, até que teve uma estação que eu praticamente doei 60% das minhas roupas. Isso mesmo, foi tudo embora. e acreditem se quiser, eu não usava nenhuma delas. E nunca, nunquinha senti falta de nada. Porque eu estava preparada para aquilo, então foi tranquilo e confortável.
Porém nem tudo são flores e eu tenho uma história triste com o minimalismo também. No começo desse ano, eu tive que sair do apê que eu morava e achei que seria o momento perfeito para desapegar de quase tudo que eu tinha. Queria ficar somente com o essencial, afinal, nosso planos incluíam algumas mudanças e é extremamente dificultoso carregar móveis de um lado para outro, por isso conversamos bastante, mapeamos a casa e decidimos que doaríamos metade dos móveis que tínhamos. No primeiro momento foi só alegria. Mas quando chegou na semana de tudo ir embora, eu fiquei super deprimida. E depois que levaram meu armário de madeira que nós pintamos a mão de branco, eu achei que não me recuperaria. Era fato que em algum momento eu teria que desapegar dele, mas eu não estava pronta, simplesmente não estava. E até hoje eu fico chateada quando penso que doei ele, porque eu realmente gostava muito. O restante para ser sincera não me faz falta, mas ele sim. E a situação só não foi pior porque eu desisti na última hora de doar uma cômoda branca que a gente pintou de branco no fim do ano, porque ela também ia embora.
Decidi contar esses dois causos para dizer para vocês que o minimalismo é algo maravilhoso que pode te trazer muitos benefícios, mas se não feito de forma ponderada, com equilíbrio, respeitando seu ritmo pessoal, pode te desconstruir e fazer você ir para o outro oposto. Semanas depois de me instalar na casa nova, depois de ter doado as coisas que gostava, eu comprei muita coisa desnecessária tentando suprir a falta que eu sentia das outras. É uma forma natural da nossa psique se proteger de coisas muito bruscas, ir para o extremos. E nos extremos ninguém chega a lado algum. eu acredito muito no caminho do meio.
Recentemente a Camile escreveu um texto que tenho pleno acordo. Minimalismo não é um clube, nem mesmo um rótulo. Ele é um conceito que nos ajuda a repensar nossa vida. E como todo conceito é uma abstração, flexível e perfeitamente aplicável de formas diferentes por cada pessoa. Se eu tivesse que resumir uma vida minimalista eu diria que não tem nada a ver com quantidade, mas com o essencial. O mínimo para cada um é aquilo que é essencial. Simples assim. Encontrar o que importa e eliminar o resto. É uma máxima para nos ajudar a julgar em diversos momentos o que devemos ou não trazer para nossa vida. Seja uma peça de roupa, seja um contrato, ou uma possível nova relação.
Hoje eu posso até não conseguir ter um layout que não tenha fundo branco. Posso até mesmo tirar fotos sempre em fundos claros, e ter roupas que eu guardo em apenas uma cômoda. Mas continuo com a minha coleção de porcelanas amadas, gosto de acumular plantinhas (porque vida nunca é demais), e minha geladeira é azul turquesa. Porque nem tudo se resume a seguir padrões e esteriótipos, você pode sempre absorver o que há de melhor no mundo e sintetizar tudo em uma coisa só sua. Essa é a graça do auto-conhecimento.
Por isso vou deixar vocês hoje com essa reflexão. Nunca deixarei de recomendar o minimalismo, porque realmente acredito nos benefícios que ele traz a longo prazo. Mas como alguém que vivenciou os dois lados da moeda, me sinto responsável por dizer que toda atitude extrema deve ser muito bem pensada, para que não seja uma entrave no nosso desenvolvimento. No mais queria deixar aqui a indicação de um último texto, dessa vez escrito pela querida Thais, que complementa tudo que foi discutido nesse post. Espero que gostem e aguardo as opiniões de cada um aí embaixo nos comentários! vamos debater. O que vocês sentem em relação a ideia de viver uma vida apenas com o que é essencial?
Sobre acumular coisas: isso é muito canceriano. Apenas.
ResponderExcluirApenas! risos. Eita povo para adorar uma tralha. Com certeza as estrelas explicam.
ResponderExcluirMuito bom, Jess!
ResponderExcluirEu conheci o minimalismo na faculdade de Arquitetura, com o "Less is More" de um arquiteto que virou meu preferido. Nessa época, eu nem imaginava que um dia poderia levar esse conceito de menos é mais pra minha vida também. Ano passado eu comecei a minimizar as coisas que eu mantinha acumuladas por aqui também, começando pelas roupas (obs: passei pelo MESMO problema que você em relação consumo compulsivo de roupas e besteiras, dívida no banco e enfim, haha me vi bastante enquanto lia) e quando resolvi dar um basta nisso (e finalmente conclui todas as pendências financeiras) vi que não dava pra continuar sendo desse jeito, então, comecei parando de comprar tudo que via pela frente, me desafiei a ficar um ano sem comprar roupas e maquiagens e enfim. Depois disso, fui pra parte de limpa no armário, me livrei de MUITA, muita coisa que nem me faz falta hoje. Depois fui pra essas tralhas de papéis, lembranças e enfim, foi muita coisa embora e eu nem imaginava que cabia TANTA tralha no meu quarto, uma coisa absurda e que me deu um trabalho INFERNAL me livrar (peguei até trauma, haha).
Ainda sim depois de tudo isso e de me sentir mais leve com todas essas coisas inúteis que me livrei, ainda não reconhecia isso como minimalismo e sim como uma renovação na vida, um processo e um aprendizado meu - que agora eu vejo que segue o mesmo conceito de minimalismo que conheci lá atrás, na faculdade. Ainda tô nesse processo de ~~libertação, ainda tô aprendendo a consumir mais consciente, ser mais organizada em um geral, a ter coisas que realmente sejam uteis pra mim e hoje vejo que era esse mesmo o caminho. Concordo quando fala que minimalismo não é um clube e nem um fundo branco em uma foto ou em um blog, ele é mais a essência do que a gente é ou busca ser, atrás de coisas essenciais pra gente, de uma forma bem particular (e queria muito que as pessoas não passassem a confundir as coisas, hahaha).
Beijos!
Eu também tenho me identificado e muito com o minimalismo.
ResponderExcluirOlha, eu amo entrar no seu blog, ele me passa uma calmaria muito boa! <3
namesmafrequencia.com.br (Um blog de casal)
acho que o lance é pegar a essência da coisa. até porque cada um funciona de uma forma né. e não adianta só seguir regras se elas não te representam por inteiro. ou mesmo que representem, ir sentindo o momento certo pra cada desapego :) quando o processo é gradativo ele fica tão mais leve né?
ResponderExcluirsim! acho que é isso que importa. respeitar o momento de cada um.
ResponderExcluirfico feliz em saber disso!
ResponderExcluirperfeito sue comentário. É isso mesmo. Eu nem sie que posso dizer que sou minimalista, mas porque rotular também certo? O importante é absorver aquilo que realmente pode nos ajudar a ser melhores e o resto, a gente deixa para lá ♥
ResponderExcluirOlá Jess =D
ResponderExcluirComigo também tem sido uma mudança gradual... pois também tentei me desfazer de uma vez de algumas coisas e me arrependi. Ai aos poucos estou me desfazendo das coisas que não preciso mais. Agora eu separo o que quero doar e fico refletindo se não vai me fazer falta, se tenho algum apego sentimental e se nesse tempinho eu ficar de boa ai eu faço a doação sem arrependimentos... Fiquei aflita de saber que você deu seu guarda-roupa e se arrependeu... sei bem como você se sentiu pois quando eu era mais nova eu dei 95% dos meus brinquedos para o motorista que fez a mudança da minha casa e depois bateu o arrependimento e eu não tinha cara para pedir de volta mas fiquei tao triste que ate hoje me arrependo por não ter guardado alguns dos brinquedos que eu dei sabe. O mundo atual incentiva muito ao consumo e é difícil resistir a tudo... então pra mim tem sido um trabalho constante de erros e acertos sabe. Um texto que ajudou muito foi um que eu li no blog Ambiente Vistoriado e la ela fala sobre minimalismo também e me levou a seguinte reflexão: quanto mais você tem, mais coisa pra cuidar e mais trabalho para manter e ai você começa a perceber que tem muita coisa que não vale a manutenção ne. Doei muitas roupas e livros e as vezes doo para amigas e fico muito feliz em ver algo que tava guardado a muito tempo fazendo alguém feliz =D
[…] 5. Sobre esse tal de minimalismo. […]
ResponderExcluirEu já fiz isso também. as vezes separo e deixo um mês, se não sinto falta, eu dou sem dó.
ResponderExcluirFunciona bem dessa forma.
Obrigada pro comentar ♥
Graças a esse seu passei a conhecer o minimalismo, hoje já um pouco mais imersa nesse universo voltei para agradecer o empurrãozinho na direção de uma vida mais leve. Acredito que acima de tudo é preciso respeitar nosso tempo de fazer cada coisa, quando li o post pela primeira vez a sementinha foi plantada, mas só depois de alguns acontecimentos na minha vida pessoal agora ela pode germinar.
ResponderExcluir:)
que bacana! Fico muito feliz de fazer parte desse processo ♥
ResponderExcluirPrimeira coisa! o seu layout é maravilhoso, e você ter apagado sem querer o css e ter que fazer um novo foi Destino ahha porque ficou maravilhoso, primeiro que traz muito essa coisa do minimalismo e eu adoro né? ahahhaa eu to tentando praticar o minimalismo em minha vida, comecei a doar algumas coisas do meu guarda-roupa e to começando a me desfazer de coisas que estavam guardadas a tanto tempo que não uso mais ahahhaa eu nunca fui muito consumista, esses tempos pra cá, eu tenho sido bem mais :( mas doar coisas é complicado, ainda mais se você tem apego por ela, tem que ser com o tempo, como você disse não dá pra ser totalmente a louca da doação ahahhaa e você sabe que eu comecei a pensar nisso, não consigo ter um layout do blog com fundo colorido ou com coisas muito coloridas, adoro uma coisa mais delicada e simples pra dar mais ênfase para as fotos e os textos ahahah e acho que o seu texto me deixou tão renovada, acredito que o minimalismo tem que andar junto com a renovação, e principalmente o que você falou: auto-conhecimento!
ResponderExcluiradorei a reflexão, já tá no meus favoritos de textos e vou ler o texto que você sugeriu ahahhaha
beijos :*